O que é ensino híbrido e porque ele é o caminho para o retorno às aulas presenciais

Sumário

Entenda o que significa este termo tão comentado e porque deve ser a salvação para a volta às aulas no novo normal.

Você sabe o que é ensino híbrido? Pode ser que não, já que o assunto está ganhando mais relevância nesses últimos meses, mas é fundamental compreender seu significado e seu potencial disruptivo.

A área da educação sofreu um grande baque com as consequências da pandemia, especialmente pela necessidade de distanciamento social, e é fato que muitas instituições de ensino não souberam tão bem como proceder para amenizar tal impacto.

Porém, o crescimento do ensino híbrido no Brasil (e em todo o mundo, na verdade) deve transformar essa realidade de uma vez por todas, de modo que educação e tecnologia, que andam juntas há muito tempo, possam ser assuntos ainda mais intrinsecamente relacionados.

Continue conosco para entender exatamente o que isso significa e como ele pode ser fundamental para que o retorno às aulas presenciais ocorra de uma forma segura e tranquila, e o melhor, reduzindo ao mínimo a disparidade entre quem está na sala de aula e quem está no ensino online.

O que é ensino híbrido?

Do inglês blended learning, é a modalidade que combina o ensino dentro da sala de aula com o que ocorre fora dela, capaz de fazer com que todos os envolvidos, de alunos a professores, coordenadores e diretores, possam colher seus benefícios tanto das aulas pela internet quanto do compartilhamento do mesmo espaço físico.

A própria definição das palavras pode ajudar a entender o que significa este termo. Quando pensamos em “híbrido”, seu uso mais recorrente na sociedade tende a ser nos veículos híbridos, que possuem tanto um motor de combustão interna (normalmente a gasolina) quanto um motor elétrico.

A aplicação é bem diferente, mas o contexto é similar: combinar dois modelos diferentes. Além disso, da mesma forma que os veículos e condutores se beneficiam dos sistemas híbridos, todos que estão envolvidos com a educação também se beneficiam com o ensino híbrido.

Para quem deseja saber o que é ensino híbrido, a aplicação é simples: ele se coloca como um “meio-termo” entre o ensino presencial e o que ocorre fora da sala de aula.

Na teoria, até mesmo uma excursão para um museu ou o laboratório de outra instituição de ensino, por exemplo, já está se aplicando o ensino híbrido, já que ele não está acontecendo dentro da sala de aula. Porém, em um contexto mais atual, isso representa a junção das aulas presenciais com as aulas online.

Recentemente, nós comentamos sobre ensino online e ensino remoto aqui em nosso blog, quando dissemos que o primeiro conceito é inteiramente planejado para ambientes virtuais, enquanto o segundo é uma adaptação daquilo que seria realizado em sala de aula para o digital.

É evidente que o ensino online é a melhor alternativa entre essas duas, mas dado o caráter de urgência que a pandemia trouxe, não houve tempo hábil suficiente para colocar um planejamento eficiente em prática na maior parte das instituições de ensino.

Por outro lado, a pandemia acelerou o processo de migração digital, e mesmo que meio “aos trancos e barrancos”, mostrou que a internet é poderosíssima para o ensino, embora este não tenha que ser um modelo exclusivo, e é exatamente aí que entra o ensino híbrido.

Como é o cenário do ensino híbrido no Brasil atualmente?

No conceito “antigo”, de combinar aulas presenciais com outras feitas fora da sala de aula, até que já possui uma certa força. Porém, no novo conceito de mesclar o ensino presencial com o online, ele já existe com certa força no ensino superior, mas ainda está dando seus primeiros passos nas demais etapas.

No ensino superior, isso costuma se dar por meio do ensino semi-presencial, o qual já é autorizado pelo Ministério da Educação desde o final de 2004, de acordo com a Portaria nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004.

Tal Portaria diz em seu Art. 1º, § 2º, que até 20% da carga horária total do curso pode ser cumprida a distância no ensino semi-presencial, algo que pode ser diferente com o ensino híbrido, mas não podemos dizer que este instrumento legal teve uma grande importância para a modalidade.

Em relação às outras etapas do ensino (e até mesmo no ensino superior, diga-se de passagem), há algumas dificuldades para a implantação de estratégias mais assertivas e intensas para o ensino híbrido no Brasil, sobre as quais falaremos melhor no decorrer deste artigo, mas a situação dá mostras de melhora.

Prova disso é a criação da Associação Nacional de Educação Básica Híbrida (ANEBHI), cujo objetivo é o de contribuir para o desenvolvimento da educação híbrida em todas as etapas e modalidades da Educação Básica, ou seja, Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Um grupo de cerca de 50 educadores fundou a ANEBHI, em uma iniciativa presidida por Maria Inês Fini, educadora que presidiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) durante o governo de Michel Temer.

Depois de todos os esforços que foram aplicados pelos profissionais da educação para que o ensino não fosse interrompido durante uma época tão difícil quanto a pandemia, com a necessidade do distanciamento social, a ANEBHI visa melhorar a educação presencial com o que foi aprendido neste período.

Logo, mesmo que de uma maneira “forçada”, houve um contato (para muitos, pela primeira vez) com o ensino pela internet, e essa é uma ferramenta que, em conjunto com o presencial, pode trazer resultados ainda melhores no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, o futuro do ensino híbrido no Brasil é promissor.

Confira também: Avaliação diagnóstica: prepare seus alunos para o retorno às aulas

Por que o ensino híbrido é o caminho para a volta às aulas presenciais?

Porque é um meio que pode ajudar na adaptação dos alunos ao ensino online e fazer com que todos eles passem por um processo de aprendizagem com a qualidade e dignidade que merecem, igualando a importância e o potencial do ensino presencial e do online ou até mesmo se transformando no novo padrão.

É por meio dele que tanto os alunos que estão dentro das salas de aula quanto os que estão em casa podem desfrutar da mesma qualidade de ensino e, assim, receber a base teórica e prática que tanto precisam para a continuidade de suas vidas acadêmicas, profissionais e pessoais.

São muitos os benefícios do uso da tecnologia na educação, e um dos maiores é a democratização do ensino, ou seja, garantir que todos tenham acesso à educação, algo cuja importância fica destacada em tempos de pandemia.
Porém, ao mesmo tempo em que o ensino híbrido visa democratizar o acesso, essa também é uma dificuldade que ele enfrenta, tendo em vista o significativo número de alunos que não possuem acesso à internet de qualidade, seja à conexão em si ou a dispositivos para acessá-la.

De acordo com a pesquisa TIC Kids Online 2019, o Brasil tem 4,8 milhões de crianças e adolescentes em casa, o que corresponde a 17% de todos os brasileiros nessa faixa etária, total que é de aproximadamente 28,23 milhões.

Este, porém, não é um cenário que acontece apenas no Brasil, como mostrou uma matéria do The New York Times, que falou sobre os desafios de uma faculdade comunitária de Rhode Island, Estados Unidos, em meio à pandemia.

De seus 13 mil alunos, mais de 900 disseram não ter acesso ao Wi-Fi em casa ou dispositivos para participar das aulas online. Além disso, metade dos alunos nunca teve uma aula online na vida, ou seja, a falta de acesso ao ensino híbrido está longe de ser uma exclusividade daqui.

Porém, ao mesmo tempo em que isso acontece, não podemos deixar de considerar a importância da adoção de processos tecnológicos, algo que acontece em praticamente todas as esferas do mundo e não poderia ser diferente na educação.

Do poder público às próprias instituições de ensino, cada um tem a sua responsabilidade no oferecimento de soluções capazes de democratizar a educação e em seu acesso pela população, tendo em vista que este movimento é uma tendência natural em todo o mundo.

Quem entende bem o que é ensino híbrido pode trabalhar em uma estratégia completa para sua aplicação, de modo que o processo seja guiado com profissionalismo para buscar ser o mais equilibrado possível, tanto para quem estará na sala de aula quanto para quem não estará ali.

O designer instrucional é um dos pilares neste sentido, já que é responsável por planejar, desenvolver e entregar produtos e experiências instrucionais consistentes e confiáveis em prol dos melhores resultados possíveis para, assim, otimizar a aquisição de conhecimento.

O profissional, tão importante para o Ensino a Distância (EaD), também se faz indispensável para o ensino híbrido no Brasil e em todo o mundo, pois conhece o caminho das pedras para aliar as aulas presenciais e online e, assim, entregar uma experiência excelente.

Aplicando este exemplo no cenário da pandemia, tanto alunos cujas famílias se sentem seguras em mandá-los para as aulas presenciais quanto aqueles que ainda optaram por ficar em casa poderão manter a qualidade do ensino e, assim, evitar defasagens causadas pelo método de ensino.

Saindo do contexto da pandemia, podemos olhar para um futuro em que não será mais necessário ir para a escola (presencialmente) de segunda a sexta-feira, mas sim duas ou três vezes na semana. Nos outros dias, o estudo pode ocorrer tranquilamente pela internet, sem dificuldades ou gaps de aprendizagem.

Ainda neste mesmo cenário, caso ocorra algo que foge do nosso controle, como fenômenos naturais de grande porte que impeçam a locomoção para a instituição de ensino, as aulas poderão continuar acontecendo de maneira natural, de modo que este impacto quase não seja sentido.

Além do estudo propriamente dito, a comunicação entre os alunos e professores também será mantida, interação essa que é indispensável para potencializar a qualidade do ensino-aprendizagem.

Tudo isso pode parecer distante hoje, mas acredite: está bem próximo.

Ensino híbrido: uma luz no fim do túnel cuja luminosidade só tem a crescer

A partir do momento que se declarou que a COVID-19 tornou-se uma pandemia, praticamente todo o mundo mudou. Cada esfera da sociedade teve que fazer suas adaptações, e não foi diferente com a educação.

Mesmo depois que a pandemia passar, muita coisa estará diferente no mundo. As idas ao mercado podem ser menos frequentes com os apps de entrega, visitas ao banco se tornarão ainda mais raras e videochamadas não serão feitas apenas por um engano na hora de escolher o botão de chamadas de áudio no WhatsApp.

Neste cenário do “novo normal” (e para além dele), a aplicação do ensino híbrido é indispensável. Não há como dissociar a educação da tecnologia, especialmente em uma época em que as crianças e jovens já nascem tão conectados e habituados com as tecnologias.

Será preciso que todos os envolvidos se adaptem a esta nova realidade, o que passa também pelo corpo docente, mas adaptações sempre foram inerentes à espécie humana, e não é agora que isso deixará de acontecer.

O ser humano já se adaptou a várias tecnologias e novidades, e hoje não achamos nada mau ter energia elétrica em casa, algo impensável até o final do século XIX, e nem internet sem fio de alta velocidade, que foi introduzida apenas no final do século XX.

Depois de aprender o que é ensino híbrido, a sugestão é que você se prepare. Assim como nos adaptamos e beneficiamos tanto com essas e várias outras tecnologias e inovações, é questão de tempo até que não se tenha que ir à escola todos os dias, sem que isso traga qualquer prejuízo à qualidade da aprendizagem.

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